10 abril, 2015

Entendendo as Escaras...

Navegando na internet, me deparei com esse material do Dr. Dráuzio Varella. De maneira muito simples esclarece muitas dúvidas. A seguir:

ESCARAS

As escaras, também conhecidas por úlceras de pressão ou úlceras de decúbito, correspondem a um tipo especial de lesões da pele, de extensão e profundidade variáveis. A principal causa da formação de escaras é a deficiência prolongada na irrigação de sangue e na oferta de nutrientes em determinada área do corpo, em virtude da pressão externa exercida por um objeto contra uma superfície óssea ou cartilaginosa. Umidade e fricção são condições que ajudam a agravar o quadro.
As feridas podem aparecer em diversas regiões de apoio do corpo, especialmente atrás da cabeça, nas costas, na articulação do quadril, no cóccix, nas nádegas, cotovelos e calcanhares. Pessoas em cadeiras de rodas estão mais sujeitas a desenvolver escaras na região do ísquio, osso que serve de apoio ao corpo na posição sentada.
Insuficiência venosa crônica pode provocar uma ulceração nas pernas chamada escara isquêmica.
Grupos de risco
Correm risco maior de desenvolver escaras: as pessoas idosas, acamadas ou imobilizadas durante muito tempo, as desnutridas, as portadoras de diabetes, incontinência fecal e/ou urinária, aquelas com comprometimento do nível de consciência ou perda da sensibilidade tátil ou térmica e os cadeirantes.
Diagnóstico
Diversas enfermidades podem estar associadas a lesões ulcerativas da pele. A biópsia e o exame de cultura são recursos importantes para estabelecer o diagnóstico diferencial, nos casos em que a causa da escara não esteja suficientemente esclarecida.
Classificação e sintomas
Nas pessoas com a sensibilidade preservada, as escaras doem muito. Caso contrário, podem evoluir sem que o paciente se dê conta de sua presença.
De acordo com a gravidade da lesão, elas podem ser classificadas em quatro graus diferentes:
Grau 1 – Eritema ou hiperemia: a lesão atinge as camadas superficiais da pele, que permanece íntegra. No local, surge uma mancha avermelhada que costuma desaparecer depois de algum tempo, se a pressão for aliviada;
Grau 2 – Isquemia: o ferimento compromete todas as camadas da pele e o tecido subcutâneo e, pode formar-se uma bolha, aparecer uma esfoladura ou um orifício superficial na área afetada;
Grau 3 – Necrose: a lesão e atinge o tecido muscular, adquire coloração arroxeada e pode abrigar um nódulo endurecido;
Grau 4 – Ulceração: a lesão progride em profundidade, há destruição da pele e dos músculos; os ossos e articulações ficam expostos.
Prevenção
A principal medida para prevenir a formação de escaras é mudar a posição dos pacientes acamados ou com dificuldade de movimentos a cada duas horas pelo menos, a fim de aliviar os pontos de pressão da pele nas áreas de maior risco. Pessoas em cadeiras de rodas, que permanecem sentadas durante muito tempo, devem mudar de posição com mais frequência, a cada dez ou quinze minutos.
São também medidas preventivas indispensáveis a higiene e hidratação da pele, que deve ser mantida sempre limpa e seca, a dieta balanceada e rica em proteínas e a fisioterapia ativa e passiva.
Tratamento
O tratamento para as escaras varia de acordo com a gravidade e extensão das lesões.
Lesões iniciais nos graus 1 e 2 e até mesmo no grau 3, se forem pequenas,  costumam regredir por si mesmas, desde que a pressão sobre a pele seja interrompida e os cuidados profiláticos (as medidas preventivas já citadas) forem mantidos. Há casos, porém, em que pode ser necessário recorrer ao uso de antibióticos e curativos especiais.
Úlceras que atingiram o grau 4 podem demandar uma intervenção cirúrgica de desbridamento para eliminar os tecidos infectados e mortos, assim como um transplante de pele para facilitar o fechamento da ferida.
A osteomielite – infecção óssea causada por bactérias provenientes de um foco infeccioso com origem nas escaras – é uma complicação grave  e de tratamento difícil dessas lesões de pele.
Recomendações
Sempre é bom relembrar que o melhor remédio para as escaras é evitar que elas se formem nas áreas mais sensíveis à pressão. Existem alguns recursos úteis para ajudar as pessoas que correm maior risco:
* usar colchões de água, ar, ou gel de silicone e almofadas de proteção para aliviar a pressão nas regiões mais vulneráveis à compressão;
* examinar a pele de todo o corpo, especialmente nos pontos de pressão;
* não esfregar a pele durante os cuidados básicos de higiene pessoal;
* secar bem a pele depois do banho e hidratá-la convenientemente;
* dar preferência à roupa de cama de algodão, que deve ser bem esticada e livre de dobras que possam pressionar ou macerar a pele;
* trocar com frequencia as fraldas dos pacientes com incontinência urinária ou fecal;
* estimular a movimentação respeitando sempre as possibilidades físicas e motoras do paciente.

* Texto extraído do site: http://drauziovarella.com.br/letras/e/escaras/, em 07/04/2015.

Aparecimento de escara... o que fazer????

Olá!!!

O tema da postagem de hoje me deixou bastante apreensiva... fomos surpreendidos por uma escara nas costas de Cesinha, na região sacra... No último mês, a dedicação foi grande com os cuidados para sarar o seu dodói...

A princípio, eu já conhecia o termo escara, sabia que se tratava de feridinhas da pele difíceis de cicatrizar e ocorriam geralmente em pacientes acamados há muito tempo, idosos, cadeirantes... o que eu não sabia era que poderia acontecer em crianças tão pequenas quanto César e que se movimentam bastante, assim como ele... apesar de não andar ele se arrasta, senta, deita, rola, faz e acontece durante o dia...

Tudo começou em fevereiro. Observei uma descamação em suas costas, no finalzinho da coluna, descamação semelhante à que ocorre com nossas mãos e pés de vez em quando. Não me pareceu nada anormal, não dei importância. Como seu intestino é rebelde, ora preso demais ora solto, num desses episódios de "solto demais" percebi que o contato com a caquinha na fralda fez com que a descamação ficasse um tanto avermelhada e me deparei com uma feridinha aberta... nem sei como explicar... um pequeno círculo com o centro branquinho. Não tinha odor, secreção, nada, a impressão que me dava ao observar atentamente era que a pele havia se "descolado"... aí sim liguei o sinal de alerta... com o passar dos dias com muita rapidez percebi que aquele "pontinho" aberto estava crescendo, se expandindo. Fiquei louca! Agendei sua pediatra e foi nesta consulta que ela diagnosticou como escara o seu dodói. Me senti péssima... como me deixei ser surpreendida com uma escara em meu filho??? Me senti tola, pois em nenhum momento havia passado pela minha cabeça que esse processo todo acontecendo seria uma escara... Sei que não atuo na área médica e sem o entendimento necessário, de fato não seria possível atentar para isso antes, mas como mãe, sofri por não ter sido mais eficiente...

De repouso...
Bom, passado o susto, hora de cuidar. A pediatra prescreveu Fibrase e pediu para manter coberto o local com gase. Essa consulta foi numa sexta-feira e na segunda (09/03) seria atendimento no Sarah. Usei a pomada durante o fds e não vi resultado algum... fui pro Sarah preocupadíssima e após ter realizado os exames agendados para esse dia (urodinâmica, laboratoriais e ultrasson), me reportei à Equipe de Enfermagem que nos atende no grupinho. O Hospital Sarah não faz atendimento em pacientes com feridas, mas graças a Deus, a enfermeira que nos recebeu muito prontamente me deu orientações sobre qual melhor maneira proceder. A principal delas: não sentar de forma alguma. Sua lesão foi causada por conta da pressão insistente do seu ossinho no final da coluna, o contato com a pele. Como ele fica bastante tempo sentado, e por conta da sensibilidade comprometida da cintura pra baixo, provavelmente essa pressão na região sacra foi se intensificando a cada dia, o que ocasionou a ruptura da pele. Ele em momento algum queixou-se de dor. Essa pressão constante no mesmo local faz com que a circulação sanguínea seja interrompida, causando assim a morte do tecido. Isso vai acontecendo de dentro pra fora. O centro da ferida que eu observava branquinho, era justamente o tecido sem vida... Como disse antes, seu dodói não tinha odor, nem secreção, era bem sequinho, e a enfermeira confirmou que estava na hora certa de tratar. Nos orientou fazer uso de Colagenase no local, manter coberto com gase e não deixar sentar em momento nenhum do dia, pois se não fizesse isso, nada resolveria o problema. Voltei pra casa confiante e certa de que tudo ficaria bem!

Muita arte no chão...
Se passaram 03 semanas de repouso e só depois desse período a pele ganhou vida e a ruptura deixou de existir. No começo foi difícil convencê-lo a ficar deitado, mas César é um menino tão maravilhoso que ele entendeu direitinho a situação e sem muitos protestos ficou deitadinho de barriga pro chão, ora de lado, sempre alternando suas posições a fim de proteger a região sacra. Me ausentei do trabalho por uns dias e a vovó Janete me auxiliou ficando com ele alguns dias também. Foi um susto, sofri e apesar da experiência negativa que passamos, fica o saldo positivo do conhecimento adquirido. Hoje com a pele intacta de novo, ainda preciso ter muito cuidado com essa região. A pele nova, ainda rosada, merece cuidados, pois é muito sensível, e ainda estou mantendo coberta com gase e óleo de girassol, para fortalecer o tecido e evitar problemas futuros. Estou atenta às superfícies em que ele se senta, sempre colocando uma almofada para aliviar a pressão. Daqui pra frente, precisamos ter atenção às suas posições no dia-a-dia. Aprendi que o máximo que o nosso corpo tolera, são 02hs na mesma posição. Já conversei com sua pró na escola, com a Tia Luciana na creche, com Tia Lu na fisioterapia, e graças a Deus, todas as pessoas envolvidas em suas rotinas formaram parceria comigo em atentar para o "mudar de posição" constantemente.

Essa postagem é muito importante e espero que alcance um grande número de leitores. Mães e pais, qualquer sinal de anormalidade na pele, procurem atendimento médico urgente. Por conta de sua pouca idade e da movimentação reduzida, o fato de não reclamar nem sentir dor, exige muuuuuuuito de nossa percepção. Daqui pra frente terei um olhar bem mais minucioso pra esses detalhes que fazem toda a diferença...

Passeio no zoológico...



O post ficou enorme, mas acho que consegui relatar com clareza mais essa experiência vivida.


No mais, tudo bem, graças a Deus!!!

Marcella & Família :)